terça-feira, 12 de outubro de 2010

Meu celular, meu mártir

Conheça todos os testes que sofre o seu celular até estar apto a ir para suas mãos

Ainda bem que celulares não conseguem expressar toda sua experiência de fabricação e montagem. Desde que chegam em inúmeros pedacinhos, no formato de pequenos componentes que irão formar o produto completo, até seu teste final, para verificar se realmente tudo funciona por ali, os telefones e smartphones passam por grandes processos de tortura, que não mudam muito de um fabricante para outro.

Na última semana, visitamos a fábrica da Motorola em Jaguariúna, interior de São Paulo. Linhas de produção de eletrônicos, independente do produto final, são muito parecidas: o fabricante recebe as peças e componentes dos seus fornecedores, máquinas, robôs e humanos integram o conjunto, montam a placa, inserem os chips de rádio, encaixam a tela, verificam se tudo funciona.

Antes de entrar, você precisa se proteger: tirinhas antiestáticas coladas aos sapatos, avental azul (para mostrar que você é visitante, e não funcionário da linha de montagem, com avental branco) e, para a fábrica, touca na cabeça. Nada de celulares, câmeras ou gravadores: nas mãos, só o bloco de anotações e a caneta.

Para dar uma ideia, um smartphone como o Milestone tem pelo menos 800 distintos componentes: tudo isso num aparelho que mede 11,5 x 6 x 13,7 cm e pesa 165 gramas. Da montagem à embalagem, tudo é feito na linha da Motorola em Jaguariúna.

Entretanto, a linha de montagem inclui produtos que já passaram pelo pior. Durante o processo de design e engenharia de um novo aparelho, laboratórios de testes extremos avaliam o máximo do desempenho que um celular pode passar nas mãos de um incauto consumidor. E a Motorola tem um desses na sua fábrica. Depois, aparelhos em linha continuam em testes contínuos de estresse por amostragem.

O motivo de ter um laboratório extremo? Melhorar o produto e descobrir possíveis falhas que possam ser corrigidas antes de o aparelho entrar em fabricação oficial a poucos metros dali, sem precisar de reparos constantes na assistência técnica e causar reclamação dos compradores.

Não é algo que o consumidor deva repetir em casa: são testes para garantir que o aparelho continue a funcionar caso ocorra um acidente. Quem não conhece alguma história de celular que caiu no chão sem querer e continuou "vivo", ou de um aparelho que mergulhou na piscina ou dentro do vaso sanitário? Então, crianças, fica o alerta: deixem os testes para os profissionais.

Vale lembrar que todos os processos dentro do campus da Motorola são altamente secretos - não é possível fotografar -, e os funcionários passam por detectores de metais para evitar vazamentos de informações/peças/partes/designs/projetos. Se alguém perder um telefone em um bar, não é difícil descobrir quem foi. E toda a caminhada dentro da fábrica e dos laboratórios foi monitorada pelo circuito interno de TV e por discretos agentes de segurança no meio do caminho.

No dia da visita, alguns aparelhos já em linha estavam em testes extremos. Nada inédito, apenas telefones que já estão no mercado (como o Nextel i1 e o Milestone 2, por exemplo). Tudo para dar a ideia de que o aparelho sofre mesmo ali dentro. Logo na entrada, dentro de um tanque transparente, um smartphone Android está mergulhado em uns 40 cm de água. E está vivo. Aqui, querem ver se o telefone funciona após um período embaixo d'água

Ao lado, braços mecânicos abrem e fecham o flip do telefone, inúmeras vezes por minuto, num processo ininterrupto. Querem checar se não vão ocorrer falhas mecânicas (e talvez tentar prever quando elas irão ocorrer). Um dedo metálico toca sem parar no teclado de um smartphone. Uma câmara especial inunda os aparelhos com uma nuvem, para verificar se eles não serão comprometidos após uma queda na praia, por exemplo.

Em outra câmara, que mais lembra um grande frigorífico, os telefones (vale lembrar, sempre ligados a um carregador) passam por temperaturas muito quentes ou muito frias e uma delas, pelo menos de acordo com uma anotação no quadro branco, estava regulada para 65 graus e 90% de umidade. Ao lado, outra brinca de esquentar e esfriar: a plataforma onde estão os telefones é um elevador, que alterna entre o freezer (parte inferior) e a sauna (superior).

Finalmente, uma sala reservada traz a parte mais dolorosa para muitos donos de telefone celular: a queda. Um braço mecânico segura o aparelho, derrubado ao chão após alguns segundos. A chance de a bateria e sua tampa escaparem é sempre grande: nada como um mecanismo de defesa pensado pelos fabricantes na hora de proteger seu aparelho.

Um aparelho que passa pelos testes de umidade não é, necessariamente, levado para a câmara de temperaturas. Os testes não são destrutivos. Mas são um bom recurso para garantir que um bom produto chegue ao comprador sem dar problemas.

Por conta da proibição de fotos na fábrica e laboratórios da Motorola, as imagens que ilustram esta matéria são fotos oficiais de divulgação dos laboratórios da Nokia, que usam processos bem parecidos para estressar ao máximo seus telefones e tentar garantir o mínimo de estresse para seus usuários. 



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